Tu és um vendedor de leite. Desesperado por ficar rico, e apesar de o leite não ser grande coisa, tu começas a aumentar o preço do leite até que quase ninguém o pode comprar. Irritados com a situação, alguns consumidores descobrem uma maneira de tirar o ADN das vacas e clonar o leite em laboratório; depois, sem cobrar nada, começam a distribuí-lo de porta em porta. O leite grátis é mal acondicionado e tem um aspecto esquisito, mas sai muito mais barato. Tu achas que são esses mercenários (e não a qualidade vergonhosa do teu produto) que te estão a fazer perder clientes. Para os recuperar, tu tens várias opções. Podes esforçar-te para melhorar a qualidade do leite e baixar os preços; esta solução é boa para ti e para os clientes. Mas como tu achas que o problema está nos piratas, e não em ti, escolhes outro caminho.
Desenvolves um novo sistema de embalagem que obriga as pessoas a beber o leite através de uma palhinha especial, adaptada para que só se possa tirar de lá o leite com a boca. Não o podes pôr num copo, não lhe podes misturar chocolate, não o podes pôr no molho dos bifes. Para piorar a situação, algumas pessoas nem sequer conseguem utilizar o novo sistema porque as suas bocas não são do formato certo; a maioria acha-o irritante dado que tu nem os deixas guardar o leite no recipiente que bem lhes apetecer; e de qualquer maneira uns chicos espertos descobrem rapidamente uma forma de o extrair da embalagem à mesma. Entretanto as vacas revoltam-se com o tratamento que está a ser dado ao seu produto e criam as suas próprias empresas leiteiras.
Parabéns! Acabaste de agir como uma companhia discográfica; pioraste a experiência do consumidor, gastaste milhões a desenvolver um sistema de segurança inútil, ainda não conseguiste baixar os preços, e a qualidade do produto está cada vez pior.
Este texto vem de uma onda de irritação que me percorreu quando comprei um CD dos Beatles e não consegui passar as músicas para o iPod nem ouvi-las na minha aparelhagem por causa do sistema de anticópia. Também não consigo ouvir os CDs de Placebo que me emprestaram, porque a minha aparelhagem não é compatível. Ou seja, comprei um disquinho brilhante e frágil que nem serve sequer de apoio para copos; entretanto acabei por sacar as músicas do eMule à mesma.
Nos Estados Unidos supostamente pode-se apanhar até 3 anos de prisão por copiar material audiovisual. Mas esta lei é impraticável; não se pode mandar todos os utilizadores de redes P2P para a cadeia, e também não se pode pegar em pessoas individuais ao acaso e metê-las dentro. Seria injusto, as prisões ficariam a abarrotar (e já estão), e o dano causado por um utilizador é simplesmente demasiado pequeno. Se um processo fosse aberto para cada download, os tribunais e as forças de segurança ficariam entupidos com ninharias, e sem tempo para tratar dos verdadeiros criminosos. Sabem, os que violam e assassinam pessoas.
Os franceses são bastante mais espertos que os americanos. A nova legislação francesa sobre o copyright estabelece apenas pequenas multas para quaisquer pessoas que sejam acusadas de copiar conteúdos. A Apple chama a esta legislação "Pirataria patrocinada pelo estado". Isto é verdade, se a tua definição de pirataria for pegar em algo que compraste e te pertence, e usá-lo de uma maneira que as pessoas que te venderam o produto não aprovam. É esta a nova definição de pirataria para as lojas online, que te obrigam a instalar o software e hardware deles, comprar os leitores de MP3 deles, usar o formato deles e só ouvir a música deles.
O que é que aconteceu ao sistema cuja eficácia está provada há séculos: "O Cliente tem sempre razão"? Supostamente, se compro um produto e não posso usufruir dele, ele está defeituoso e deve ser trocado. Nos EUA, várias pessoas já processaram as companhias por causa destas brincadeiras, e ganharam algumas vezes; mas é uma gota no oceano.
Entretanto, a tecnologia está a trazer-nos maneiras cada vez mais inovadoras de ouvirmos a nossa música e vermos os nossos filmes: em casa, na rua, no comboio, até no banho! E em vez de dar mais possibilidades, a indústria está a esforçar-se para nos tirar essas possibilidades, e devolvê-las numa forma restringida, que lhes permite ir ao nosso bolso cada vez que tentamos usar os seus produtos!
O que tenho eu a ver com os supostos problemas financeiros das discográficas? Elas já são riquíssimas, dado que a maior parte dos lucros vão para o seu bolso, e não para o dos artistas. Madonna vendeu até hoje mais de 200 milhões de álbuns. Se todo o dinheiro fosse para ela, só esses álbuns (sem contar com direitos de autor, singles, concertos, etc) dar-lhe-iam uma riqueza de 5 Biliões de euros (ou €5'000'000'000). A sua riqueza total estimada é entre 400 e 700 milhões. Pobre rapariga, é enganada à força toda.
A conclusão é: não comprem CD's da EMI ou de outras companhias que tenham sistemas de anticópia como o CopyControl. Saquem mas é as músicas, e se quiserem mandem cartas ou mails aos artistas, com uma explicação sobre porque é que não compram os CD's, e as vossas preocupações sobre o futuro da música (profundo, eu sei). Além disso, há outras maneiras de suportar os atistas: espalhar a palavra, merchandising, concertos, e o simples apoio de ser um fã. As discográficas são os verdadeiros "bad guys" do momento.
Ainda estou com pena da Madonna.
Desenvolves um novo sistema de embalagem que obriga as pessoas a beber o leite através de uma palhinha especial, adaptada para que só se possa tirar de lá o leite com a boca. Não o podes pôr num copo, não lhe podes misturar chocolate, não o podes pôr no molho dos bifes. Para piorar a situação, algumas pessoas nem sequer conseguem utilizar o novo sistema porque as suas bocas não são do formato certo; a maioria acha-o irritante dado que tu nem os deixas guardar o leite no recipiente que bem lhes apetecer; e de qualquer maneira uns chicos espertos descobrem rapidamente uma forma de o extrair da embalagem à mesma. Entretanto as vacas revoltam-se com o tratamento que está a ser dado ao seu produto e criam as suas próprias empresas leiteiras.
Parabéns! Acabaste de agir como uma companhia discográfica; pioraste a experiência do consumidor, gastaste milhões a desenvolver um sistema de segurança inútil, ainda não conseguiste baixar os preços, e a qualidade do produto está cada vez pior.
Este texto vem de uma onda de irritação que me percorreu quando comprei um CD dos Beatles e não consegui passar as músicas para o iPod nem ouvi-las na minha aparelhagem por causa do sistema de anticópia. Também não consigo ouvir os CDs de Placebo que me emprestaram, porque a minha aparelhagem não é compatível. Ou seja, comprei um disquinho brilhante e frágil que nem serve sequer de apoio para copos; entretanto acabei por sacar as músicas do eMule à mesma.
Nos Estados Unidos supostamente pode-se apanhar até 3 anos de prisão por copiar material audiovisual. Mas esta lei é impraticável; não se pode mandar todos os utilizadores de redes P2P para a cadeia, e também não se pode pegar em pessoas individuais ao acaso e metê-las dentro. Seria injusto, as prisões ficariam a abarrotar (e já estão), e o dano causado por um utilizador é simplesmente demasiado pequeno. Se um processo fosse aberto para cada download, os tribunais e as forças de segurança ficariam entupidos com ninharias, e sem tempo para tratar dos verdadeiros criminosos. Sabem, os que violam e assassinam pessoas.
Os franceses são bastante mais espertos que os americanos. A nova legislação francesa sobre o copyright estabelece apenas pequenas multas para quaisquer pessoas que sejam acusadas de copiar conteúdos. A Apple chama a esta legislação "Pirataria patrocinada pelo estado". Isto é verdade, se a tua definição de pirataria for pegar em algo que compraste e te pertence, e usá-lo de uma maneira que as pessoas que te venderam o produto não aprovam. É esta a nova definição de pirataria para as lojas online, que te obrigam a instalar o software e hardware deles, comprar os leitores de MP3 deles, usar o formato deles e só ouvir a música deles.
O que é que aconteceu ao sistema cuja eficácia está provada há séculos: "O Cliente tem sempre razão"? Supostamente, se compro um produto e não posso usufruir dele, ele está defeituoso e deve ser trocado. Nos EUA, várias pessoas já processaram as companhias por causa destas brincadeiras, e ganharam algumas vezes; mas é uma gota no oceano.
Entretanto, a tecnologia está a trazer-nos maneiras cada vez mais inovadoras de ouvirmos a nossa música e vermos os nossos filmes: em casa, na rua, no comboio, até no banho! E em vez de dar mais possibilidades, a indústria está a esforçar-se para nos tirar essas possibilidades, e devolvê-las numa forma restringida, que lhes permite ir ao nosso bolso cada vez que tentamos usar os seus produtos!
O que tenho eu a ver com os supostos problemas financeiros das discográficas? Elas já são riquíssimas, dado que a maior parte dos lucros vão para o seu bolso, e não para o dos artistas. Madonna vendeu até hoje mais de 200 milhões de álbuns. Se todo o dinheiro fosse para ela, só esses álbuns (sem contar com direitos de autor, singles, concertos, etc) dar-lhe-iam uma riqueza de 5 Biliões de euros (ou €5'000'000'000). A sua riqueza total estimada é entre 400 e 700 milhões. Pobre rapariga, é enganada à força toda.
A conclusão é: não comprem CD's da EMI ou de outras companhias que tenham sistemas de anticópia como o CopyControl. Saquem mas é as músicas, e se quiserem mandem cartas ou mails aos artistas, com uma explicação sobre porque é que não compram os CD's, e as vossas preocupações sobre o futuro da música (profundo, eu sei). Além disso, há outras maneiras de suportar os atistas: espalhar a palavra, merchandising, concertos, e o simples apoio de ser um fã. As discográficas são os verdadeiros "bad guys" do momento.
Ainda estou com pena da Madonna.
6 comentários:
POR FAVOR !METAM-ME LETRA MAIOR NOS POST.. e uma letra que nao pareca estar em italico! fico com os olhos em bico..
Esses sistemas anticopia deviam permitir que se passasse as músicas de um cd para um MP3, é verdade. Mas não suporto aqueles sites tipo Kazaa, emule, soulseek, etc, etc. Sim, os cds/dvds deviam ser mais baratos. Mas parece-me que sacar constantemente músicas da net tira o prazer que é passar horas na Fnac. É uma perspectiva idealista, eu sei. Contudo, o cinema é bastante mais prejudicado que a indústria discográfica, e é principalmente nesse caso que a pirataria me irrita. Qual é a satisfaçao de sacar um filme da net com legendas em portuguÊs do Brasil e com uma imagem péssima? A maioria das pessoas só se preocupa com o que gasta em termos monetários no que mais lhe convem. "Ah, nao vou ao cinema porque é muito caro!" (mas é capaz de ir ao Rock In Rio...) "Não compro cds. Que roubalheira!" (no fim do mês verão essa pessoa a gastar metade do seu ordenado numa almoçarada na Portugália e à noite vai beber umas bejecas... Por que é que ninguém se queixa do preço do alcool? Eu cá acho um abuso.)
leva as tuas proprias garrafas para a discoteca e mistura na casa de banho. sai bem mais barato.
E quanto ao emule etc, não me corta minimamente o prazer de passear pela fnac; as músicas e bandas que eu realmente gosto, compro os cds, claro (excepto se tiverem CopyControl). Mas as discograficas cometem um erro ao calcularem o prejuízo que a pirataria lhes dá: elas partem do princípio que tudo o que as pessoas sacam, comprariam na realidade, ou seja, que cada download feito é mais uma música que eles não vendem. Isto não é verdade; mais de 90% da música que saco, eu nunca compraria: por exemplo, anjos santamaria, james blunt ou madonna.
nao posso levar garrafas pra dentro de discotecas.
eu sei, era uma piada.
E quanto aos filmes, como muitos demoram meses a chegar a Portugal (às vezes chega a um ano), é frequente eu sacar um filme de que gostei mesmo antes de ele sair em DVD, e depois comprar o DVD à mesma; para mim os downloads online não anulam a compra, complementam-na. E a imagem dos filmes piratas nem sempre é assim tão má; muitas vezes é tão boa como a de um DVD. O que eu não concordo é com o uso de filmes piratas como principal fonte de cinema, em vez de Cinemas ou DVD's, e ainda concordo menos com a venda ilegal dos filmes piratas, como lá ao pé da escola à frente do senhor Alcides.
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